quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Gender Storytelling
The Former 'Pregnant Man' Debuts His Baby
By Champ Clark
Originally posted Wednesday July 23, 2008 09:15 AM EDT
Thomas Beatie, with daughter Susan Juliette Photo by: Regine Mahaux / Getty
It's been three weeks since his blue-eyed baby debuted in this world, but Thomas Beatie – better known around the world as the Pregnant Man – can already say this about his daughter's personality: "She's easygoing and mellow and intelligent."
On June 29 at 8:55 p.m., Beatie, 34, a former female beauty pageant contestant, made cultural history as perhaps the first legally transgender male to give birth, bringing into the world a 9 lbs., 5 oz. baby girl named Susan Juliette.
"She's so precious, I just can't stop staring at her," Thomas tells PEOPLE in his first interview since he and wife Nancy returned with their bundle from Bend, Oregon's St. Charles Medical Center. "Just holding her is the best feeling in the world."
Susan – named after Thomas's mother and conceived through artificial insemination with donor sperm – arrived after 40 hours of labor, with Nancy at Thomas's side acting as his coach.
"When Susan finally came out, it was like in slow motion," says Thomas. "I was full of wonder." Echoes Nancy: "There were tears of joy."
Both father and daughter came through the birth in perfect health. "I weigh two pounds less than I did before I got pregnant," adds Thomas. "And I don't have a single stretch mark!"
At home, the couple is adjusting to their new nightly schedule: Nancy breastfeeding (by induced lactation, a process using hormones and physical stimulation with a breast pump) and Thomas keeping company while watching TV.
Crows Thomas, "Susan is a miracle! And we're finally the family we've been dreaming of."
terça-feira, 25 de novembro de 2008
The Biological Factor
As I am, actually, by the biological factor argument regarding gender differentiation. As you said:
É óbvio que o corpo influencia em nossas vidas. É ululante que uma mulher sofre, por exemplo, alterações hormonais que o homem não e vice-versa. A Natureza atribui papéis biológicos e negá-los é voltar à época estúpida em que se dividia e se opunha mente e corpo, como se a existência das coisas pudesse ser dividida! Sou mulher de corpo, independente da minha alma e vontade, e isso influencia na minha alma e vontade e vice-versa. Não há um indivíduo igual ao outro tanto física quanto emocional, psicologicamente e etc.
Well, I must say I am a little reluctant to see hormonal alterations as a marker of difference between woman or man. I mean, what if a woman decides to take something, be it synthetic or natural, to balance her hormones? What if she decides never to bear a child?
I think we are so distant from the days when immediate survival tethered us to the land, and we had to cook and sew and look after the children.
You say you are a full-fledged woman, body & mind alike, and there's no denying that! But even your argument winds up with the notion of "individual" differences, and not those of "woman" vs. "man".
I came across this passage recently while selecting the bibliography for my research:
Lesbian is the only concept I know which is beyond the categories of sex (woman and man), because the designated subject (lesbian) is not a woman... what makes a woman is a specific social relation to a man, a relation that we have previously called servitude, a relation which implies personal and physical obligation as well as economic obligation... a relation which lesbians escape by refusing to become or stay heterosexual.
(Monique Wittig, 1981, in "One is not born a woman")
What of that?
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Uma espécie, dois gêneros: uma questão de bom senso?
O que você vê nessa imagem?
Um homem?
Uma mulher?
Ou nenhuma dessas alternativas?
Até onde as categorias de gênero que nos são ensinadas desde que nascemos fazem sentido?
Antes mesmo de nascermos nosso gênero já está definido. É menino ou menina. E quais são as consequências disso?
Eu sempre me dei conta de que era mulher. Às vezes me negava a fazer coisas porque era mulher. Meu irmão tinha coleção de carrinhos, e eu de chuquinhas. Meu irmão colecionava moedas e eu colecionava roupas de Barbie. Meu irmão não exercia função nenhuma dentro de casa. A função dele era chegar em casa cansado, comer e dormir. A gente não, eu e minha irmã, a gente aprendeu a lavar louça, cuidar da casa, cozinhar...
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15/11/2008
Querido Diário,
Hoje foi um dia corrido, como sempre. Minha meta é vender, porque senão chega o fim do mês e a minha comissão não paga meu aluguel. Meu chefe me pediu para atualizar uns preços no sistema, e fiquei pelo menos uns 20 minutos de costas para o balcão. De repente, uma voz de mulher me chama. "Qual o preço dessa palheta?" Me virei atordoada, e a moça, sorrindo, segurava a mão de um menino de cerca de 3 anos de idade. Foi aí que reparei. Na sua outra mão o menino segurava firme uma bonequinha de vestido e cabelo rosa. Não resisti - "Que fofo!". Ela então me contou que tinha ido ao McDonald's no dia anterior e o filho começou a chorar porque queria todas as bonequinhas do McLanche Feliz. O marido, indignado e com vergonha, pediu que o filho trocasse as bonecas por um caminhão de brinquedo. O filho começou a berrar, porque não queria o caminhão, e sim as bonequinhas. O pai cedeu. Em parte. Porque comprou também o caminhão para o filho. O menino sou eu também, penso. Eu também fiz a escolha errada. Toda vez que chega um cliente no balcão, ele olha primeiro ao redor e por último para mim, como se se perguntasse: o que faz uma mulher vendendo acessórios para guitarra aqui na Teodoro Sampaio? E sempre me pergunta, desconfiado: "Mas você sabe tocar?"
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Você acha que a diferenciação entre papéis masculinos e femininos em nossa sociedade é uma questão de bom senso?
Eu acho que o bom senso nessa hora vem como você lida com o papel que você exerce na sociedade. Não há mais diferença entre papéis femininos e masculinos.
E você, caro leitor ou leitora? Acha que essa diferença não existe mais? Se você tivesse um filho hoje, você daria a ele bonequinhas? E se fosse uma filha? Daria a ela carrinhos?
The boy, the teacher and the common sense
- How can I write a composition?
The teacher answers to the boy:
- You will need an opinion. Do you have one?
He replies:
- No, I don´t have any, I think. Could you give me yours?
Teacher:
- Yes, for sure. Take it.
And they reproduced. And they make critical thinking disappear. And they belong to our world. And they are here, between us. And it´s not too late.
The boy asks his teacher:
- How can I write a composition?
The teacher answers to the boy:
- You can give your opinion, or you can be quiet. What do you prefer?
(The teacher keeps his fingers crossed for boy´s opinion)
The boy answers:
- My opinion. I can think about it. For sure, thank you.
And it was not too late.
Sobre o tema de redação "Amizade" (FUVEST 2007), a seguir selecionamos alguns parágrafos:
Nestes três seguintes, o vestibulando foi capaz de estabelecer uma relação cultural bastante complexa, além de tradicional. Relacionou-se Bíblia, Marx, Engels, Pierre Verger, Nordeste brasileiro,mercantilização da vida e a banda Barão Vermelho ao tema proposto.
Neste, o mais interessante. O vestibulando usou a referência que possuía, e deu certo! O chocolate virou metáfora para a Amizade. Sem tradicionalismo, e crítico. Apreciem:
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Divulgando: Projeto Lingua - Global Voices
O Projeto Lingua do Global Voices procura tradurores voluntários para divulgar os blogs de vozes de diversas partes do mundo. Não se limite ao senso comum conveniente e participe dessa iniciativa, contribuindo com a troca de experiências e ajudando a construir novas pontes de comunicação e entendimento.
Segue o link para maiores informações e uma breve descrição desse trabalho:
http://pt.globalvoicesonline.org/para-blogueiros/
"O Global Voices Online é uma iniciativa sem fins lucrativos do projeto 'global citizens' media' criado pelo Centro Berkman para Internet e Sociedade da Escola de Direito de Harvard, uma incubadora de pesquisa focada no impacto da Internet na sociedade.
Global Voices procura agregar, selecionar e amplificar a conversação global online – iluminando locais e pessoal que outras mídias geralmente ignoram. Trabalhamos para desenvolver ferramentas, instituições e relacionamentos que ajudarão todas as vozes, em todos os lugares, a serem ouvidas."
Na Educação e No Mundo
O fato é que a questão do Senso Comum deve ser considerada sob o ponto de vista da Educação. Esta necessidade se dá pois a Educação é o campo social que revela aos homens as experiências humanas, sociabilizando a criança que ouve a seus pais, a seus mestres, ou a um líder religioso. “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele, e com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”, diz a filósofa Hannah Arendt.
Sendo a Educação a grande responsável pela inserção cultural e social de novos membros à sociedade, ela pode se valer do Senso Comum no sentido de localizar o jovem nesse mundo; é como se lhe dissessem qual o funcionamento da vida social. Conta-se uma história: Quem e o que se fez? E assim, as crianças e os jovens são apresentados ao mundo, ao nosso mundo.
Enquanto é o que dá a dimensão existencial aos jovens, o Senso Comum é favorável. O problema surge quando ele se torna absoluto. Como única perspectiva assumida, ele impossibilita a percepção crítica dos jovens. O Senso Comum se relaciona diretamente com o olhar e a visão de mundo; a Educação também. Sendo assim, ela não pode ser limitante para que ele não seja.
Estabelecer alguma relação diferente, criativa, individual, crítica, entre os elementos sócio-culturais é fundamental para que os jovens se destaquem da massa de idéias que hoje existe e que nos leva a pensar mal a respeito deles – para uma melhor abordagem deste ponto visitem o site http://the2000sgeneration.blogspot.com/, o qual nos revela a descrença a respeito do que eles são capazes de fazer.
Apesar da desilusão a respeito da potencialidade crítica dos jovens ser dominante, há um otimismo nessa situação cultural que precisa ser considerado. Podemos encontrar um bom exemplo de jovens que estabelecem e desenvolvem seu senso crítico, para além do Senso Comum, em redações divulgadas pela FUVEST, www.fuvest.br e UNICAMP, www.comvest.com.br . Os vestibulandos são convidados a redigir sobre um tema na hora da prova, e produzem textualmente relações complexas e positivas. A desconstrução do Senso Comum ajuda,assim, no delineamento da identidade individual, no questionamento sobre o mundo – uma vertente política, e na construção e não na reprodução de idéias.
Este blog tem como propósito provocar a reflexão acerca deste ponto: os jovens precisam e podem pensar criticamente. Você também acredita nisso? Você ainda acredita na responsabilidade da Educação? Critique!
The fact is that the Common Sense question must be considered under the point of view of the Education. Such necessity exists, because the Education is the social field that reveals to men the human experiences, making sociable the child that hears her parents, her masters, or a religious leader. “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele, e com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”, said the philosopher Hannah Arendt.
Being the Education the great responsible for the cultural and social insertion of new members to the society, she can make use of the Common Sense in order to locate the young people in the world; it is as they were told what is the way the world works. A story is told: Who and what was done? And then, children and the young people are presented to the world, to our world.
While it is what gives an existencial dimension to young people, Common Sense is favorable. The problem arises when it becomes absolute. As the only assumed perspective, it makes impossible the critical outsight of the youth. Common Sense is related directly with the world view so is Education. In this sense, Education cannot be an obstacle so that Common Sense cannot be either.
Establishing some different relation, creative, individual, critical, among the social-cultural elements is fundamental for young people to make salient among the mass of ideas that exists today and that leads us to suspect them – for a better approach to this point visit the internet site http://the2000sgeneration.blogspot.com/, which reveals us the unbelief about what they are able to do.
Although there is a disappointment about critical potentiality of young people, there is an optimism in this cultural situation which needs to be considered. We can find a good example in young people who establish and develop their critical sense in compositions, beyond the Common Sense, published by FUVEST, www.fuvest.br and UNICAMP, www.comvest.com.br. Young people are invited to write about a theme during the examination; they produce complex and positive relations. The reflexion about Common Sense helps, then, in the outline of the individual identity, in the debate about the world, and in the construction - not reproduction - of ideas.
The aim of this blog is to provoke thoughts and actions (a new position) about Common Sense: young people need and can think critically. Do you still believe in that? Do you still believe in the Education responsability? Criticise it!
Divulgando: “Classe Média “ - letra e música de Max Gonzaga
Vale a pena refletir sobre o senso comum que a música retrata. Comentem! Se posicionem!
“Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio coletivos e
Vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um
Pacote CVC tri-anual
Mas eu não “to nem aí”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com o Estado
Quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
Que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
Ê camelô, biju com bala
E as peripécias do artista
Malabarista do farol
Mas se o assalto é em ‘Moema’
O assassinato é no ‘Jardins’
E a filha do executivo
É estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta
A sua opinião regressa
De implantar pena de morte
Ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado
Concordo e faço passeata
Enquanto aumento a audiência
E a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem aí”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aí”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa
Quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar
Quem já cumpre pena de vida”
domingo, 16 de novembro de 2008
Quem “tem cultura”?
Enquadra-se na categoria eufemística da “gente humilde”
Seu ganha-pão é de segunda a sábado
Em uma grande obra aqui perto de casa
Reforma de um museu
Freqüentado apenas por gente de cultura
Que aprecia a boa arte e degusta vinho
Mas ele não,
Gosta de futebol e cervejinha
É, não tem cultura
Não entende de Monet, Picasso ou Van Gogh
Nunca viu a Monalisa
Nem tem diploma de doutor
É apenas um filho de trabalhadores
Ele viaja 3 horas para chegar em casa
Membros cansados do trabalho pesado
Mas o dia ainda não terminou
Chegando, ainda vara a noite
Na oficina improvisada de fundo de quintal,
Onde faz artesanato para vender na feirinha de domingo
Ele não tem cultura e não sabe disso,
Mas a tal feirinha anda “in” nos círculos dos descolados cultos
Que compram suas criações
E as levam para terras estrangeiras longínquas
Onde ele, sem cultura, nunca pisará
E lá os gringos rasgarão elogios ao seu trabalho
E usarão palavras difíceis para descrever a arte dos trópicos
Desse simples trabalhador que, não, não tem cultura...
Confira:
ARTE POPULAR BRASILEIRA
http://www.popular.art.br/htdocs/default.asp
Who do your dreams belong to?
Counterpoints in a mirror
aspirations…
All her life she had been the straight-A kind of student. A role model in every sense of the word. Responsible, mature, hard-working, good natured, nice to everyone. It was impossible not to like her.
He was a sophomore in college when he decided to leave everything behind, follow his dreams and live in a foreign land. He had never been abroad before. He didn’t know how he would support himself and had no friends there.
She had all the right dreams, that is, the ones a sensible person like her should have: successful career, financial stability, wonderful husband and kids, of course. She was driven and focused on everything she set her mind to do.
Truth is, he didn’t really know anything when he decided to start his life over. He had no certainties and didn’t seem to need them. The excitement of the unknown, the unpredictable. That was his drive.
She graduated at 22 and immediately landed a promising job at Corporate Universe.
At 26 she would be promoted to manager of the division.
At 28 she would meet her future husband and by 30 she would be Mr. Right’s respected wife.
At 32 she would become a mother of twins, after a highly time-efficient 2 in 1 pregnancy.
She would be one of those power women, who manage to keep a successful career and a joyful healthy family. She would have it all and do it all,with an invincible broad shiny smile on her face.
A year has passed.
He had no clue what he wanted to do with his life when he left his country. And he still doesn’t.
But he takes a little advantage of the supply and demand system he’s in and now works as a freelance English teacher in a city where tons of people are eager to learn the language of the global market.
She believed in planning things, in long-term goals and in playing safe. The data of her purposeful existence could be inputted on an excel spreadsheet. The forecast analysis of her inescapable success was consistently based on the variables of pro-activity, ambition and rationality. Her very soul could be quantified in comprehensive cost/benefit charts.
He can’t get a regular 9 to 5 job and has no bank account because he lives as an illegal immigrant. He spends all his days in crowded buses and subways, going from one part of the city to the other. He lives in a small rented room at a pension located in a shady neighborhood. He has bags under his eyes and feels exhausted all the time. Yes, he feels drained. Battered. Lifeless.
Failure was not an option.
Giving up was not an option.
Improvisation, Spontaneity, Frivolousness,
Foolishness, Pointless Pursuits, Utopian Ideals, Waste of Time.
Not an option, Not an option, Not an option!
The weight of his own choices is a heavy one to carry.
His parents are probably right.
He should get a real life, build a career,
fulfill the sensible expectations one is supposed to have in life.
Oh the burden of having only one option, the right one,
the burden of always walking the straight line,
she’d never tell the world how lonely it felt.
He wonders if the path he’s taken is worthwhile.
And so does she…
It’s tough out there…
And life has its way of taking hold of you …
Before you realize you’re too numb to aspire to anything that matters.
And all you do is hope
in silent desolation
to make it to the next day …
Não é problema meu!
“Quem sabe, faz. Quem não sabe, ensina!” – disse revoltado para si, enquanto passava a marcha do carro de primeira para segunda...primeira, segunda, primeira... malditos grevistas! E esse trânsito infernal. Estava exausto! Gente de bem não tinha sequer o direito de voltar para casa com tranqüilidade após um dia duro de trabalho. Que culpa ele tinha dos salários dos professores? E isso era razão para tanta baderna? Era o fim da picada. Se estavam tão insatisfeitos, por que não pediam demissão? Por que não encontravam empregos de verdade? Já não sabiam que seria assim quando escolheram ser professores? Ora essa, se quiseram ser professores, então deveriam saber que o salário seria de fome. Mas, claro, provavelmente não tiveram capacidade para ser algo melhor.
Com ele era diferente. Sempre batalhou pelo que quis. Fez faculdade séria, curso sério. Sempre soube o que era importante. Carreira de respeito, dinheiro para dar à família a mesma vida de conforto que seus pais lhe proporcionaram. Carro com ar-condicionado e airbag duplo, casa própria num bairro “de gente honesta”, viagens à Disney com as crianças. Tudo adquirido com muito suor. Ele fez por merecer. Toda a sua vida, ele fez por merecer.
Chovia lá fora e aquele mundaréu de gente não arredava o pé de lá. Rostos maltratados, desgrenhados, indignados. Ele não entendia o porquê. Não queria entender, nem precisava entender. Fechou os olhos por um instante e tentou abstrair toda aquela revolta interna. Era o estresse, só isso. Em breve, chegaria em casa, relaxaria com um banho longo e então ligaria a TV, sintonizada no Jornal das Pessoas de Bem, que traria a cobertura da greve e de todos os transtornos causados por aquela gente desocupada. Lamentável, coisa típica de terceiro mundo. “É por isso que esse país não vai para frente!”, exclamou bem alto a máxima das pessoas de bem. Gente reivindicando direitos, lutando pela educação, era mesmo o cúmulo...
sábado, 15 de novembro de 2008
O que pensam as pessoas sobre o senso comum? Para fomentar a discussão, confira uma coletânea de opiniões a respeito do tema:
Quem define o senso comum?
“Em geral são aquelas pessoas que falam o que pensam - e de uma certa maneira, definida também (por tabela) por aquelas que não fazem objeção nenhuma de dizer o contrário.”
“Define o senso comum as pessoas dotadas de liderança, ou de grande influência no meio de que fazem parte.”
“Formadores de opinião em vários setores da sociedade. E o Arnaldo Jabor.”
“Nós definimos o senso comum a partir das percepções que temos do mundo. O que pode ser senso comum p/mim pode não ser para o outro. Acredito que a definição tenha muito a ver com a formação intelectual e social (educação de casa, criação).”
Qual foi/é a importância das instituições de ensino, ambiente familiar e de trabalho na definição do seu senso comum? Você partilha do senso comum dessas esferas sociais? Como?
“Eu concordo com a minha família quando digo que é importante, na hora de escolher qual faculdade cursar, pensar não só no que eu me interesso, mas também pensar no meu ‘ganha-pão’ de amanhã. Usando esse mesmo exemplo, eu discordo do senso comum de muitos grupos, quando digo que o mais importante não é simplesmente ‘fazer o que gosta’.”
“Colegas, amigos e parentes têm várias opiniões que não fogem do senso comum. São esses espaços de convivência em que os significados são reproduzidos por alguém que leu algum Arnaldo Jabor da vida (leia-se, formador de opinião que acha que sabe do que está falando) e reforçados. Mas cada grupo tem algo compartilhado. Por exemplo, é senso comum para alguns grupos de que o Arnaldo Jabor acha que causa. Ou talvez isso seja apenas uma opinião minha.”
Até que ponto o senso comum influenciou/influencia suas escolhas de vida?
“Seria muita prepotência minha falar que não sou influenciada pelo senso comum – somos muitas vezes fruto do ambiente/sociedade, sem perceber e percebendo. Mas ao mesmo tempo, possuo minhas opiniões, valores e experiências, e sei que nem sempre agrado ao "mundo" com as minhas atitudes... procuro sempre ser honesta comigo mesma, principalmente. E por isso, falar que estou cagando para o senso comum também não seria muito honesto da minha parte.”
“Me influenciou muito no sentindo do que eu não quero ser, mas também me ajudou a ser mais tolerante - quando muita gente pensa parecido fica mais fácil de entender as pessoas. Foi também pelo senso comum dos grupos que participei que fui orientando minha vida - o que é ‘legal’ e o que ‘não é’.”
Você acredita que seja mais fácil, conveniente,sensato ou pragmático estar sempre de acordo com o senso comum? Por quê?
“Não que o senso comum seja algo negativo. Não se trata de ser bom ou ruim, mas sim que é preferível sempre desconfiar de algo quando todos estão concordando ou discordando do que tomar essa mesma postura automaticamente, sem nem ao menos pensar a respeito do porquê. Por isso é mais fácil, pragmático (não gera discussões) e também nesse sentido, seguir a opinião da maioria, pode ser conveniente.”
“Com certeza. Porque aí você não é questionado. Você aceita todos os rótulos que lhe são atribuídos e pronto. Fica mais fácil de viver.”
“Sim, todo totalitarismo é confortável.”
“Sim, pois não precisamos expressar nossa opinião sobre determinado tema polêmico ou até mesmo a expor nossa contrariedade enquanto minoria.”
“Tudo que não exige muito esforço é mais fácil. Não é mais simples aceitar o conselho de pessoas mais velhas, que já passaram por muitas coisas na vida, para não fazer burradas? É mais simples, mais cômodo, mas nem todos fazem isso, principalmente os adolescentes, que adoram ser do contra.”
Conte uma situação em que suas visões se chocaram com o senso comum. Você o desafiou ou se conformou embora estivesse em desacordo? Por quê?
“...para a família dele, para a minha mãe, para os meus amigos, para a sociedade, eu sou considerada casada. Mas essa não é a minha opinião. Não me considero casada e me recuso a chamá-lo de marido. Atribuo isso à pressão da sociedade de rotular as coisas... odeio isso e esse senso comum eu repudio. Não fico fazendo escândalo quando me chamam de casada, mas procuro sempre deixar bem claro qual é a minha opinião.”
“Estou num e-groups em que a opinião comum é que bandido tem que morrer. Já discuti várias vezes e as pessoas se mostram inflexíveis. Então só discuto quando eu tô nervoso com qualquer outra coisa e uso o assunto como válvula de escape da minha raiva e mostrar quão absurda é essa visão.”
As decisões que você toma enquanto parte do coletivo também podem ser de natureza pessoal? Por exemplo, qual foi o peso do senso comum na sua escolha de carreira?
“Sim, podem ser de natureza pessoal também. Apesar de escolher uma carreira baseado-me em aptidões que possuía, certamente a imagem que ela possui perante à sociedade influenciou. O status da profissão, a remuneração, a sensação de poder... todos estes são conceitos provenientes do senso comum.”
“Common sense is not so common.” Voltaire
Definir o significado do senso comum parece tarefa simples e as respostas costumam coincidir. Senso comum é visto como a opinião da maioria, envolve o bom senso e valores compartilhados. Mas o que de fato se esconde por trás desse senso comum? As pessoas parecem ter uma visão paradoxal desse fenômeno que é ao mesmo tempo conveniente e sufocante. Ninguém nega que o senso comum nos serve para tirar de diversas situações complicadas, porque parece sempre mais fácil estar de acordo, não se expor, se calar e dançar conforme a música. Se mostrar para o mundo é uma escolha difícil e implica em uma luta constante. Por isso vestimos a máscara do senso comum, nos prevenindo dos conflitos. Mas sem conflito, não há discussão, diálogo ou reflexão. Vivemos de pressupostos sobre os outros e sobre nós mesmos. Aceitamos os rótulos que nos impõem e que somos produtos de nosso meio, nos esquecendo que também somos agentes dele.O intuito deste blog é desafiar o senso comum, os ideais pré-fabricados e as aspirações vazias, fazendo com que as pessoas exercitem o pensar, as trocas de experiência e a tolerância às diferenças. Mais que tolerância, é preciso saber valorizar a pluralidade e o embate de opiniões. Por isso, repensemos nossas escolhas, adotemos uma postura mais crítica em relação ao mundo, mais aberta em relação aos outros, julgando menos e buscando aprender com idéias contrárias às nossas.
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Defining the meaning of common sense seems to be an easy task and the answers often coincide. Common sense is seen as the opinion of the majority; it involves that which we call “bom senso” and shared values. But what lies beneath common sense? People seem to have paradoxical views on such phenomenon, which is at the same time convenient and suffocating. No one can deny that common sense can save us from various complicated situations, because it seems to be always easier to be agree with others, avoid exposition, remain silent and go with the flow. Showing oneself to the world is a hard choice and entails a constant battle. That is why we wear our common sense masks, preventing conflicts. But without conflict, there is no discussion, dialog or reflection. We live off presuppositions about others and about ourselves. We accept the labels imposed on us and that we are products of our environment, forgetting that we are also its agents.This blog aims at challenging common sense, the prefabricated ideals and empty aspirations, getting people to exercise thinking, the sharing of experiences and tolerance to differences. Beyond tolerance, we must learn how to value plurality and the debate of opinions. Thus, let us rethink our choices, adopt a more critical attitude towards the world, be more open in relation to others, less judgmental and more willing to learn from opinions which differ from our own.