segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Na Educação e No Mundo


O fato é que a questão do Senso Comum deve ser considerada sob o ponto de vista da Educação. Esta necessidade se dá pois a Educação é o campo social que revela aos homens as experiências humanas, sociabilizando a criança que ouve a seus pais, a seus mestres, ou a um líder religioso. “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele, e com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”, diz a filósofa Hannah Arendt.
Sendo a Educação a grande responsável pela inserção cultural e social de novos membros à sociedade, ela pode se valer do Senso Comum no sentido de localizar o jovem nesse mundo; é como se lhe dissessem qual o funcionamento da vida social. Conta-se uma história: Quem e o que se fez? E assim, as crianças e os jovens são apresentados ao mundo, ao nosso mundo.
Enquanto é o que dá a dimensão existencial aos jovens, o Senso Comum é favorável. O problema surge quando ele se torna absoluto. Como única perspectiva assumida, ele impossibilita a percepção crítica dos jovens. O Senso Comum se relaciona diretamente com o olhar e a visão de mundo; a Educação também. Sendo assim, ela não pode ser limitante para que ele não seja.
Estabelecer alguma relação diferente, criativa, individual, crítica, entre os elementos sócio-culturais é fundamental para que os jovens se destaquem da massa de idéias que hoje existe e que nos leva a pensar mal a respeito deles – para uma melhor abordagem deste ponto visitem o site http://the2000sgeneration.blogspot.com/, o qual nos revela a descrença a respeito do que eles são capazes de fazer.
Apesar da desilusão a respeito da potencialidade crítica dos jovens ser dominante, há um otimismo nessa situação cultural que precisa ser considerado. Podemos encontrar um bom exemplo de jovens que estabelecem e desenvolvem seu senso crítico, para além do Senso Comum, em redações divulgadas pela FUVEST, www.fuvest.br e UNICAMP, www.comvest.com.br . Os vestibulandos são convidados a redigir sobre um tema na hora da prova, e produzem textualmente relações complexas e positivas. A desconstrução do Senso Comum ajuda,assim, no delineamento da identidade individual, no questionamento sobre o mundo – uma vertente política, e na construção e não na reprodução de idéias.
Este blog tem como propósito provocar a reflexão acerca deste ponto: os jovens precisam e podem pensar criticamente. Você também acredita nisso? Você ainda acredita na responsabilidade da Educação? Critique!
----------------------------------------------------------------------
In the Education, In the World

The fact is that the Common Sense question must be considered under the point of view of the Education. Such necessity exists, because the Education is the social field that reveals to men the human experiences, making sociable the child that hears her parents, her masters, or a religious leader. “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele, e com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”, said the philosopher Hannah Arendt.
Being the Education the great responsible for the cultural and social insertion of new members to the society, she can make use of the Common Sense in order to locate the young people in the world; it is as they were told what is the way the world works. A story is told: Who and what was done? And then, children and the young people are presented to the world, to our world.
While it is what gives an existencial dimension to young people, Common Sense is favorable. The problem arises when it becomes absolute. As the only assumed perspective, it makes impossible the critical outsight of the youth. Common Sense is related directly with the world view so is Education. In this sense, Education cannot be an obstacle so that Common Sense cannot be either.
Establishing some different relation, creative, individual, critical, among the social-cultural elements is fundamental for young people to make salient among the mass of ideas that exists today and that leads us to suspect them – for a better approach to this point visit the internet site http://the2000sgeneration.blogspot.com/, which reveals us the unbelief about what they are able to do.
Although there is a disappointment about critical potentiality of young people, there is an optimism in this cultural situation which needs to be considered. We can find a good example in young people who establish and develop their critical sense in compositions, beyond the Common Sense, published by FUVEST, www.fuvest.br and UNICAMP, www.comvest.com.br. Young people are invited to write about a theme during the examination; they produce complex and positive relations. The reflexion about Common Sense helps, then, in the outline of the individual identity, in the debate about the world, and in the construction - not reproduction - of ideas.
The aim of this blog is to provoke thoughts and actions (a new position) about Common Sense: young people need and can think critically. Do you still believe in that? Do you still believe in the Education responsability? Criticise it!

7 comentários:

Daemens disse...

Atribui-se à geração 00 a característica de "acomodada". Como justificativa, atribui-se a preguiça mental da molecada a toda a tecnologia existente nessa época. Conforme se crê, aqueles que se alfabetizaram quando a internet já era um bem acessível e concreto na maior parte dos lares da classe média brasileira não se dão ao trabalho de pesquisar, pensar e tirar conclusões. Para eles, o automatismo é sinônimo de perfeição.
Sem creditar a esse comentário, bastante freqüente em salas de professores e encontros de coordenadores, a pecha de leviano ou de indiscutível verdade, é preciso pensar por que os jovens perderam o prazer pela descoberta (se é que algum dia já os tiveram). A tecnologia, a rapidez, as comodidades da vida moderna não podem carregar junto a si todo esse peso.
Em uma época em que as informações são medidas em terabytes - e outras medidas, impensáveis para quem um dia foi usuário do Windows 3.1 - é sempre prudente levantar a questão sobre qual a importância de tanto conhecimento e tanta informação, produzidos em uma velocidade maior ou igual à de Michael Phelps quando dá suas braçadas. Sem saber qual o valor do que tanta tecnologia e sofisticação produzem e, sobretudo, como tanto conteúdo vai ser absorvido e irradiado pelos nossos adolescentes, torna-se bastante difícil entender por que tanta novidade causa tanta apatia.

Juliana disse...

Apatia... esse termo é muito interessante, pois sugere ausência de emoção, de sentimento, de vivacidade. Será essa estagnação mental o nosso rumo?

Anônimo disse...

Aparentemente é bem triste quando um aluno do cursinho ou do colégio aparece no plantão de redação e se mostra surpreso quando, ao perguntar "jura que eu posso dar a minha opinião??", respondo "não só pode como deve!!". E é só "aparentemente" triste, porque até então ele não sabia disso, mas a partir daí se sente um pouco mais confiante quanto a posicionar-se sobre um determinado tema... Pior é quando a pessoa não tem uma opinião, ou acha que tem quando na verdade só reproduz o discurso de outros - repetido, não digerido nem assimilado, sobre o qual não se refletiu criticamente. Frente a um "por quê?" do plantonista, lá se foi a opinião bem estabelecida - que na verdade era vazia porque sem embasamento, sem reflexão, sem tomada de posicionamento real...
Acredito que Arendt tenha razão, e que os jovens e o novo tragam milhares de possibilidades para que o mundo seja diferente (e não pior, claro) do que o que estamos vivendo. Sim, eu acredito na Educação (não é à toa que estou do lado de cá, tentando fazer algo proveitoso nesse sentido), mas desde que não assumamos a postura de que "os alunos são todos toscos, estão cada vez piores, não conseguem pensar por eles mesmos, precisam que nós lhes demos 'uma tese' para que consigam desenvolver uma dissertação". Isso é muito triste, e ouvir isso da coordenadora do colégio é mais triste ainda.
É fácil isentar-se do problema, 'a culpa é sempre dos alunos'. Necessário é ter coragem de incentivar os alunos a pensarem, e isso significa que eles poderão pôr à prova inclusive essa mesma aula; é estar preparado para debater opiniões, assuntos polêmicos, preconceitos; é fazer mais perguntas que dar ou exigir respostas prontas..

Muito boa a iniciativa de colocar o senso comum em questão. Gostei muito dos textos selecionados! =)

Daemens disse...

Qualquer generalização leva a alguns deslizes, mas, em se tratando de uma discussão sobre o senso comum, é necessário recorrer a ela. Sempre se diz que os jovens de hoje não são politizados, não se engajam em qualquer causa e se comportam de modo " asséptico" e esse tipo de comentário, quando sai da boca de um professor ou coordenador adquire ares de profecia, pois, magistralmente, os educadores sabem fazer parecer que os jovens de hoje estão completamente perdidos e, o que é mais terrível, sem qualquer possibilidade de salvação.
Para os professores e coordenadores, há justificativas mais do que óbvias para isso. Comparando-se os adolescentes de hoje aos das décadas de 60 e 70, os nossos são moscas mortas. Maio de 68 e Passeata dos 100 mil estão aí para provar o engajamento de jovnes de gerações anteriores. O visual emo prova a adesão integral de nossos jovens a um mundo em que a preocupação exclusiva com o eu e com o sofrimento íntimo imperam, tornando explícito que eles não se importam com os outros. Bem ao contrário da Geração Woodstock.
Ora, se todos aqueles que foram jovens nas décadas de 60 e 70 foram ou tivessem sido tão engajados, certamente a situação de hoje seria diferente. Mas, onde estão os piqueteiros do passado? Estão em cargos burocráticos, fazendo o que devem fazer e se contentando com cumprir suas metas diárias. Se não foram jovens acomodados, tornaram-se adultos acomodados - o que considero pior, posto que parecem ter desistido de lutar por qualquer causa -, que engavetaram suas idéias e ideais. Mais ainda, são pais, mães, tios, tias dos jovens de hoje. O que eles fizeram com seus filhos/ sobrinhos? Deixaram que se tornassem pessoas apáticas e entregaram-lhe um planejamento tão bem feito que dá conta de todo o futuro dos jovens. Escolheram para eles o melhor colégio, os melhores professores, os melhores livros, de modo que todos possam ir para a universidade tão logo terminem o ensino médio. Um mundo melhor e a felicidade, pensam, está em um diploma universitário.
Contra esse projeto, não há argumentos possíveis dentro de casa. Mas, na escola, eles estão presentes, reverberando. O desinteresse de nossos alunos na sala de aula, que nos causa tanto ódio, talvez seja reflexo de sua recusa por seguir um modelo instituído pela sociedade, reencarnando o espírito de Woodstock. Mas, em vez de bombas sobre o Vietnã, talvez nossos jovens apáticos estejam deixando explícito que o projeto de acabar o ensino médio e ir para a faculdade não seja tão digerível assim.
É preciso que nós, que também crescemos com essa pressão, reconheçamos que se trata de um projeto que quase nunca passa por discussão. O máximo de escolha que nossos pais nos deram (ou que os pais de nossos alunos dão a seus filhos) é a de qual cursinho fazer caso não aconteça a aprovação. Como se o ensino superior fosse obrigatório e como se a universidade pudesse acolher os interesses de todos.
Seguindo cegamente esse preceito, de que todos devem ir para a universidade, não estaríamos nós mesmos favorecendo a apatia de nossos jovens, que, desde cedo, tem seu aprendizado direcionado a satisfazer o conteúdo exigido pelos vestibulares?
Liberdade de pensamento, liberdade de escolha, liberdade de ação são motores para uma conduta mais condizente com o mundo ao qual se aspira. No entanto, se não educarmos nossos jovens para pensarem e agirem de acordo com seus desejos individuais, conseguiremos fundamentar um mundo tão homogêneo e tão asséptico como aquele que encontramos hoje na sala de aula.

Marina Sathler disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marina Sathler disse...

farei um comentário alheio aos comentários anteriores: educação é sim problema do professor, apatia é sim problema do professor e acho que quem está na licenciatura, tem que se responsabilizar mesmo!
Tambem acho que quem não gosta e não quer dar aula poderia fazer a gentilza de procurar outras profissões, dada tamanha proporção de oportunidades no mercado de trabalho.
A geração que se forma a partir de nossa atuação na escola é de nossa responsabilidade também, acho que devemos nos implicar com o tema, debater, e combater o mau profissional que julga os alunos sem nem tentar alternativas de envolvê-lo no processo de aprendizado e descoberta

lynn mario disse...

Excellent topic and interesting reactions. Common sense comes to us through our language, culture, ideologies which is why, like these three, it is invisible and takes the appearance of "God's Truth". This is why it is so important in education to develop a critical capacity and what we call Critical literacy, in order to be able to "read" beyond what our commonsense presents us with. Vision is a good exmple of how commonsense becomes "biological". We tend to belive that we we "see" is the plain truth that is there before our eyes. We forget that what we see passes through a process of cultural interpretation, and we see what our ideologies and cultures permit us to see; when we become critical, we are able to see a bit beyond our cultures.